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Simplicidade é tudo que você sempre “KISS” e não sabia!

A simplicidade é uma ideia poderosa, mas muitas vezes é subestimada. Neste post quero te convidar para uma reflexão sobre o poder – talvez subestimado – da simplicidade no nosso dia a dia como profissionais, seja você de TI, engenharia de software ou qualquer área técnica.

Ah e sobre o termo “KISSNão, não estamos falando da banda KISS ou de beijo :). Aqui, nos referimos ao princípio Keep It Simple, Stupid (KISS), que nos ajuda a compreender por que a simplicidade é fundamental para projetos, carreira e até para a vida.

Naturalmente, vou puxar um pouco para o “lado dev” da coisa, mas garanto que muitas ideias aqui fazem sentido para qualquer área ou profissão. Aliás, esse foi um dos principais motivos para eu escolher esse tema: sempre que percebo um conceito que pode ser aplicado em diferentes cenários, já encaro como um sinal claro de que estamos diante de algo realmente útil e poderoso.

Estamos falando de um fundamento, um princípio… Alguns também dizem que é uma filosofia. Então, bora explorar o K.I.S.S.! e entender por que a simplicidade é tão valiosa em meio ao caos do mundo atual.

Origem e visão geral do KISS

Algumas versões da história dizem que o termo KISS (“Keep It Simple, Stupid!” – “Mantenha simples, estúpido”) começou a ser usado na década de 1930. No entanto, ele foi definido como um princípio de projeto na década de 1960, na Marinha dos Estados Unidos, sendo diretamente associado ao engenheiro Kelly Johnson.

Ele defendia que os sistemas de manutenção de aeronaves deveriam ser tão simples que um mecânico com treinamento mínimo – e em plena situação de combate – ainda fosse capaz de repará-los. Em outras palavras: se a complexidade atrapalha a eficiência, então ela deve ser reduzida ao máximo.

Como aconteceu com muitos conceitos da engenharia tradicional (civil, aeronáutica, etc.), o princípio KISS se popularizou e foi sendo aplicado em diversas áreas do conhecimento, incluindo a Engenharia de Software.

A essência do KISS é clara: a maioria dos sistemas funciona melhor quando são simples, e não complicados. Portanto, a complexidade desnecessária deve ser evitada, e a simplicidade deve ser um objetivo fundamental de projeto.

Vale destacar que, quando falamos em “sistema”, não estamos nos referindo apenas a software, mas a qualquer conjunto de elementos interdependentes que trabalham juntos para atingir um objetivo. Trata-se então de uma ideia que pode ser aplicada a muitas situações e contextos.

Pode parecer óbvio à primeira vista, mas aí vem o ponto crucial: “manter a simplicidade” e “evitar a complexidade desnecessária” exigem um esforço consciente. Ou seja, ao trabalhar em qualquer projeto, devemos evitar o modo automático, onde apenas seguimos executando tarefas sem realmente refletir sobre o processo ou suas implicações.

O que ganhamos com a simplicidade?

Vejo o princípio KISS com bons olhos, não apenas como uma diretriz técnica, mas também como uma bela provocação criativa. Ele é útil tanto na concepção inicial de um projeto quanto no seu processo evolutivo.

Pense em quantas ideias ou produtos já nasceram complexos demais, quando, com um pouco de “esforço reflexivo”, poderiam ter sido simplificados e se tornado mais intuitivos e fáceis de compreender.

Algumas das principais razões pelas quais o KISS defende a simplicidade são:

  • 💡 Melhor desempenho: Se você melhora uma parte do processo, melhora o todo. Sistemas mais simples tendem a ser mais eficientes.
  • 🛠️ Facilidade de compreensão e manutenção: Quanto mais fácil de entender, mais fácil de corrigir e aprimorar.
  • ⚡ Menos falhas: A simplicidade reduz a margem de erro e aumenta a previsibilidade dos processos.
  • ⏳ Economia de tempo: Projetos mais simples exigem menos tempo de análise, desenvolvimento e execução.
  • 💰 Redução de custos: Menos complexidade significa menos desperdício – seja de tempo, recursos ou esforço cognitivo. Às vezes, significa até menos dependência de especialistas.

No fim das contas, simplificar não é apenas remover elementos, mas garantir que tudo o que sobra faz sentido e agrega valor.

Vamos falar de Software

Se olharmos para os pontos que discutimos até agora, fica claro como o princípio KISS beneficia a Engenharia de Software, tanto na concepção dos projetos quanto nos processos de manutenção e refatoração.

Se pensarmos apenas no código, soluções mais simples trazem vantagens como:

  • 🛠️ Mais fáceis de criar e manter – O tempo gasto entendendo código complexo pode ser melhor utilizado escrevendo código eficiente.
  • 👥 Mais compreensíveis por outras pessoas – Isso reduz a dependência do desenvolvedor original e facilita a manutenção por toda a equipe.
  • 🐞 Menos propensos a bugs e falhas – Quanto mais simples, menor a chance de algo dar errado.
  • 📏 Maior coerência e qualidade – Código simples tende a ser mais limpo, modular e alinhado com boas práticas.

Mas a simplicidade não afeta apenas o código – ela impacta todo o processo de desenvolvimento:

  • ⏳ Menos tempo de desenvolvimento – O que também significa menos custo operacional (devs, equipamentos, ferramentas, etc.).
  • 🔧 Menos tempo de manutenção – Se um software tem menos problemas e sua manutenção é mais fácil, os desenvolvedores podem focar em atividades mais estratégicas, ao invés de gastar horas decifrando um código enigmático.
  • 📈 Maior qualidade e confiabilidade do software – E, com isso, mais reputação e confiança dentro e fora da empresa.
  • 🧠 Menos estresse para desenvolvedores e área de negócios – Ambientes menos caóticos são mais atrativos, melhorando a retenção de talentos e evitando problemas como insatisfação, turnover e perda de qualidade nos projetos.
  • 💰 Melhoria na economia do projeto – Processos eficientes reduzem custos. E custos reduzidos, alinhados a um bom faturamento, significa aumento do lucro. “Simples assim!

No fim das contas, a simplicidade no desenvolvimento de software não significa fazer menos, mas fazer melhor, com menos fricção e mais eficiência.

Por que há tanta complexidade? E por que complicamos as coisas?

Já parou para pensar em quanta complexidade enfrentamos diariamente? Tanto na vida quanto na carreira?

Somos bombardeados com uma enxurrada de informações – redes sociais, notícias, tendências tecnológicas, metodologias, inteligência artificial, frameworks novos a cada semana…

O avanço tecnológico é constante e acontece numa velocidade impressionante. E, como se não bastasse, ainda lidamos com mudanças sociais, econômicas e culturais, além de toda a transformação digital dos negócios.

Agora, para tornar tudo ainda mais “divertido”, nossa mente precisa alternar entre múltiplos contextos o tempo todo – do trabalho para a vida pessoal, de um projeto para outro, de um problema urgente para um pensamento estratégico.

É surreal. Insano, até!

A verdade é que a realidade sempre foi complexa. A diferença é que, hoje, sentimos essa complexidade com mais intensidade, porque estamos hiperconectados e cercados por mais variáveis do que nunca. E, no fim das contas, os negócios e produtos que criamos são um reflexo desse caos.

Mas aqui vem o ponto-chave: não conseguimos lidar com tudo e nem precisamos. Por mais que a gente tente, sempre vamos compreender apenas uma pequena fração da realidade. O desafio está em encontrar sentido dentro do nosso contexto e agir de forma coerente dentro dele.

O perigo da complexidade desnecessária

Essa luta pela clareza e pela simplicidade é diária, especialmente para profissionais técnicos, como engenheiros de software.

Somos treinados para prever problemas, planejar soluções robustas e evitar surpresas desagradáveis. Mas, muitas vezes, esse zelo nos leva ao extremo oposto: o temido overengineering – quando criamos sistemas sofisticados além do necessário, dificultando a compreensão e até mesmo gerando ruído que nos impede de enxergar o que realmente importa.

Para o negócio, isso pode ser um grande desperdício. Mas, considerando a realidade caótica em que vivemos, às vezes é um preço inevitável. Encontrar soluções simples exige tempo, reflexão e esforço consciente, tanto individual quanto coletivo.

E acima de tudo, exige paciência. Essa é a moeda para lidar com o caos e a complexidade.

Não confunda mais simples com mais fácil

Existe uma grande diferença entre algo ser simples e ser fácil. Muitas vezes, tendemos a achar que a solução mais simples é também a mais fácil de criar ou modificar, mas nem sempre o caminho mais rápido é o melhor.

Além disso, a simplicidade raramente surge de imediato. No mundo real, lidamos com múltiplas variáveis e fatores imprevisíveis ao longo do tempo. Chegar a uma solução verdadeiramente simples pode exigir amadurecimento, experimentação e colaboração, algo que leva meses ou até anos de aprendizado.

Simplicidade favorece a manutenção, mas nem sempre o mais fácil é o melhor.

Vamos a um exemplo prático:

Imagine que você precise implementar uma nova regra de negócio em um sistema já existente. O caminho mais fácil pode parecer óbvio: criar um método isolado contendo a nova regra e pronto! Mas agora considere que esse sistema já possui uma estrutura pré-definida, com padrões estabelecidos. Se você simplesmente adicionar um novo método sem considerar o contexto, pode acabar gerando inconsistências, dificultando a manutenção e até introduzindo novos bugs.

Por outro lado, uma abordagem simples e bem pensada analisaria o código existente, respeitaria os padrões já definidos e garantiria que a nova regra se encaixasse na estrutura de forma coesa – sem criar complexidade desnecessária. Isso significa que o caminho mais fácil foi descartado em favor da solução mais simples e sustentável.

Agora, pense em outro exemplo:

Digamos que um time escolha uma biblioteca de terceiros para acelerar o desenvolvimento de um projeto. No curto prazo, isso parece facilitar a implementação. Porém, meses depois, essa biblioteca começa a apresentar problemas de segurança ou compatibilidade, e agora a equipe se vê presa a um código difícil de manter e atualizar. O famoso “barato que sai caro”.

Esse é o grande ponto: a busca pela simplicidade exige análise e ponderação, não apenas a escolha do caminho com menos esforço imediato. Nem sempre o mais fácil é o mais simples – e quase nunca o mais simples é alcançado sem esforço.

Simplifique, mas não frite!

Pode parecer contraintuitivo, mas muitas vezes é mais fácil complicar do que simplificar. Então, que tal manter as coisas simples sempre que possível, sem desespero?

“Keep it simple, but keep calm!”

Como reflexão final deste post, eu diria para você: Tente simplificar, adotar o KISS e tudo mais… mas não pire com isso. “Seja simples para simplificar”, para não complicar ainda mais. Tenha paciência e respeito o processo.

O grande Léo da Vinci, em toda sua genialidade, já sacou isso há muito tempo:

“A simplicidade é o último grau da sofisticação.”

Leonardo da Vinci

Será que ele quis dizer que a verdadeira simplicidade vem com tempo, maturidade e experiência? (💡Refletiu aí!?)

O desafio de simplificar é constante!

Talvez esse texto tenha ficado mais complexo do que deveria (ou que eu gostaria), mas foi o preço que precisei pagar para explorar algumas reflexões mais profundas.

Quem sabe nos próximos posts eu consiga lapidar ainda mais a mensagem, torná-la mais simples… ou não. Enfim, esse é o jogo — e esse é o processo desafiador da busca por simplicidade em um mundo caótico.

Não conseguimos viver sem a complexidade. Fazemos parte dela e ela faz parte de nós. Só nos resta decodificá-la e administrá-la da melhor forma que possível.

Agora me conta: Qual foi a vez que você percebeu que complicou algo sem querer? Já caiu na armadilha do overengineering?
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Vamos juntos, pelo código e além! 🧠🚀

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