O dev do futuro… ainda será dev?
Qual ainda é o papel do desenvolvedor de software?
O dev precisará desempenhar um novo papel? (No futuro, ainda existirá a função de desenvolvedor? …E daqui 5, 10 anos!?)
Para onde caminha a Engenharia de Software?
E, mais importante… Por que precisamos refletir sobre tudo isso?
Essas são algumas das perguntas que eu — e muita gente da área — temos feito com cada vez mais frequência nos últimos meses (ou anos).
Com tanta notícia sobre novas ferramentas, IAs, LLMs, automações, lay-offs, etc. não é de se estranhar o incômodo e as preocupações que isso tem gerado em muita gente. (Às vezes, o noticiário parece um compilado de distopia tech.).
Essas não são perguntas simples de responder, nem de longe. E se alguém disser que tem uma resposta pronta… desconfie! Mas isso não significa que não vale (e muito) usar essas perguntas como ponto de partida pra refletir sobre como o mercado, as demandas e o próprio papel do desenvolvedor estão se transformando.
🧠 Muito além do código: o que devs fazem (ainda)?
Antes de mais nada, vamos alinhar o vocabulário: aqui, quando eu falo “dev”, estou falando de um guarda-chuva que inclui programador, desenvolvedor, codificador, analista de sistemas… Enfim, chame como quiser. No fundo, a ideia é olharmos para o papel do engenheiro de software — independente do nome do cargo ou do nível de experiência. (Então, aqui não se apegue tanto ao termo e relaxa com o crachá, combinado? 😄)
Então, qual tem sido o papel do dev?
Em 2022, escrevi um post no meu blog refletindo sobre o que os devs realmente fazem — e como evoluem. Lembro que, ao final, fiquei até um pouco surpreso com a quantidade de coisas que um dev muitas vezes acaba fazendo no dia a dia e pode não se dar conta.
Quando a gente olha de perto, o papel de um desenvolvedor vai muito além de “codar” e arrastar tarefa no board. São tantas frentes diferentes que o “dev raiz” pode acabar virando quase um canivete suíço digital.
Antes de continuar, aqui vai um “resumão” das principais funções do dev (engenheiro de software) que identifiquei (e lembrei) até o momento. Tentei abordar escopos de backend, frontend e fullstack:
- Codificar – escrita de código para funcionalidades – design de código, algoritmos, etc.;
- Analisar demandas e requisitos de negócio – Para “traduzir” em software;
- Codificar testes – Escrita de código para testar funcionalidades criadas/alteradas;
- Analisar e revisar código (code review);
- Configurar sistemas e ambientes de desenvolvimento – infra, DevOps, BDs, etc.;
- Apoiar a entrega e a manutenção do software – produtos novos/existentes, melhorias, etc.;
- Desenhar ou apoiar a arquitetura de software – modelos, diagramas, decisões tech, etc.;
- Realizar ou apoiar a sustentação de sistemas – incidentes, bugs, observabilidade, SRE, etc.;
- Contribuir para melhorias de processos de desenvolvimento (em geral);
- Contribuir para melhorias de produtos e projetos;
- Apoiar atividades de Design e Discovery – mapeamento de dados e jornada de usuário;
- Participar de reuniões diversas com outras pessoas e grupos;
- Realizar e/ou apoiar em operações com dados – estrutura, modelo, consulta, análise, etc.;
- Auxiliar a tomada de decisões técnicas ou de negócios;
- Compartilhar conhecimento – treinamentos, palestras, cursos, workshops, docs, etc.;
- Realizar entrevistas técnicas e apoio ao recrutamento;
- Conversar com pares, stakeholders, fornecedores e clientes;
- Estudar e analisar tecnologias, frameworks e métodos (relacionados aos temas acima).
Várias destas atividades descritas acima, eu já havia mencionado no post original de 2022 então caso queira ver o post completo, deixei o link no final 😉
Minha intenção não é listar todas as funções possíveis de um dev nem tentar mapear 100% dos papéis do engenheiro de software. Nem que eu quisesse: o leque de variações é quase infinito, com combinações e ramificações que mudam de empresa pra empresa, de time pra time. (Fique a vontade para comentar ou complementar esta lista)
O que eu queria com o post e o que pretendo aqui é um pouco mais simples (e talvez mais útil): compartilhar alguns caminhos possíveis que observei ou vivi nesses anos na área. Especialmente pra quem ainda está se situando nesse universo, pode ser uma bússola inicial.
Reforçando aqui também que um dev não faz tudo isso, todos os dias e em todo lugar. Sempre vai variar conforme o nível do profissional (ex: júnior, pleno, sênior…) e sempre vai depender do projeto, contexto e momento do dev e da empresa. (Fique tranquilo, mas nem tanto, :D)
💡Antes de saber para onde vamos, precisamos saber onde estamos (ou estávamos).
🔍Novidades que vem sacudindo o “mundo dev”
Ao revisitar o post de 2022 e considerando a avalanche de novidades dos últimos anos, até me bateu uma vontade de repensar tudo (ou quase tudo) que escrevi lá – ou até escrever uma nova versão do post. Porque, sejamos sinceros: 2022 não está tão longe assim, mas em termos de tecnologia… pode até parecer outra era. 😀
De lá pra cá, vimos de tudo: novas ferramentas pipocando, frameworks evoluindo, plataformas no-code e low-code ganhando espaço, e claro… o tsunami das IAs generativas, que seguem ganhando superpoderes numa frequência quase semanal.
Você pode até não gostar de tudo o que está rolando (e tá tudo bem), mas uma coisa é certa: o ritmo das inovações no mercado — e até na sociedade — está num nível insano. Do ponto de vista tecnológico, talvez nunca tenhamos mudado tanto, tão rápido.
Ao revisitar as funções que discutimos até aqui, fica ainda mais claro (pelo menos pra mim) que as atividades práticas do dev seguem firmes e relevantes — pelo menos por enquanto. A diferença é que agora temos um arsenal muito mais poderoso de ferramentas à disposição.
Ao mesmo tempo, dá pra notar uma reconfiguração rolando no mercado. Profissionais que dominam IA, automação e novas tecnologias tendem a ser mais valorizados. Outros, que não acompanham essa curva, acabam mais suscetíveis a processos de realocação, reskilling ou até redução de demanda para seus perfis.
Entre os aspectos mais impactados estão a velocidade de resposta ao mercado e o tamanho dos times necessários para entregar uma mesma demanda. E sejamos sinceros: no meio de toda essa transformação real, também tem uma boa dose de marketing — e não é pouca.. A IA virou peça central no discurso (e no core business) de muita empresa — especialmente das big techs, que não param de vender produtos… e sonhos.
Ainda vale a pena investir em Engenharia de Software e na carreira dev?
Sou suspeito pra dizer, mas sigo acreditando que, mesmo com todas as mudanças, a carreira dev continua sendo uma das mais interessantes e promissoras. Claro, desde que a gente olhe pra ela com essa nova lente que o mercado vem exigindo — com uso criativo da IA, automações e ferramentas cada vez mais poderosas.
Sim, hoje qualquer pessoa consegue gerar códigos ou até apps inteiros — algo que já vínhamos vendo com a onda do low-code e no-code. Mas, ainda assim, vejo os devs com enorme potencial de protagonismo. Nossa capacidade de entender sistemas, arquiteturas, requisitos, problemas e soluções coloca a gente alguns passos à frente — desde que estejamos dispostos a ajustar nossa mentalidade e evoluir junto com esse novo contexto.
Se antes já era essencial dominar os fundamentos da Engenharia de Software, agora isso virou diferencial absoluto. Conhecer padrões, boas práticas, entender arquitetura, processos e ter pensamento crítico é o que separa quem pilota as ferramentas de quem é pilotado por elas. No fim das contas, bons prompts, boas soluções e boas decisões nascem de quem tem conhecimento aplicado — e isso, nenhuma IA gera sozinha.
E por que devemos refletir continuamente sobre o papel do dev?
Se antes esse tipo de reflexão já fazia sentido, agora virou questão de sobrevivência profissional — não importa se você é dev experiente, iniciante ou até alguém que tá só flertando com esse universo.
Pode soar óbvio, especialmente pra quem já tem algum tempo de estrada, mas colocar o papel do dev em perspectiva pode mudar muita coisa. Principalmente porque isso muda muito dependendo do seu momento na carreira — e do rumo que o mercado tá tomando:
– Está pensando em virar dev? Ótimo. Entender as funções e a variedade de caminhos possíveis te ajuda a descobrir onde pode rolar aquele match profissional.
– Já é dev com uma bagagem? Então você já sabe: entender o que você já tem feito e pra onde a profissão está indo é quase um requisito de sobrevivência ou para novas oportunidades.
– Trabalha com devs, mas não é um? Gestão, produto, design, suporte… qualquer área que cruza com tecnologia e desenvolvimento precisa entender minimamente como funciona a cabeça e o “universo” de quem está escrevendo código ou alguma outra atividade de engenharia.
Entender o que devs fazem (ainda) é essencial. Não só pra se manter relevante ou repensar tarefas, mas pra construir pontes melhores entre áreas e pessoas.
Acredito que com isso em mente também teremos mais insumos e uma visão mais apurada de como as novas ferramentas, como a IA por exemplo, podem de fato contribuir na rotina e nos processos de desenvolvimento. E claro, como as pessoas podem desenvolver suas capacidades e sua carreira nesse sentido.
IAs + Engenharia de Software: Pra onde vamos?
Muita gente por aí anda dizendo que os devs serão (facilmente) substituídos pela IA. Outros apostam que várias funções da nossa profissão simplesmente vão sumir. Eu, honestamente, prefiro encarar isso de forma mais pragmática.
Se você acompanhou tudo até aqui, já deve ter notado: quando olhamos de perto as atividades que um dev realmente faz, fica claro que a discussão pública tem focado quase exclusivamente na capacidade da IA gerar código (e no tal do “vibe coding”). Pouco se fala sobre o restante do trabalho que envolve engenharia de software nesse novo cenário.
Todos os pontos abordados já nos dão boas pistas — e até hipóteses — de pra onde estamos indo, porém essa é uma pergunta complexa demais pra caber em um único post (ou pra ser respondida com o conhecimento que temos hoje). Mesmo com alguns bons insights no radar, o cenário ainda exige mais tempo, maturidade e observação.
Provavelmente vamos precisar mergulhar mais fundo em algumas das funções que citei aqui — e, quem sabe, em outras que ainda nem falamos. Também vale olhar para casos de uso específicos e, claro, acompanhar como o mercado vai se desenrolando nos próximos meses e anos.
Trata-se de uma jornada de descobertas e provavelmente estamos só no início. O melhor ponto de partida, sem dúvida, é olhar com mais atenção para o que um dev faz — ou precisa passar a fazer — nesse novo mundo com IA.
Por isso, minha ideia é seguir explorando esse tema, destrinchando melhor esses papéis, impactos e possibilidades — e, claro, compartilhando tudo isso por aqui.
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